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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Domingo, n'O Globo

Saimos no jornal O Globo do último domingo, dia 27/11.
A conversa é sobre estudar fora e criar filhos ao mesmo tempo, ou seja, encarar uma grande empreitada com a família.
Quem quiser conferir, clica aqui!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ela tá feliz!

Primeira ída da Clara ao balanço!

sábado, 16 de abril de 2011

debutante aos 3 meses e meio

Sou mãe. Isso já faz exatamente 3 meses e 19 dias, uma eternidade. Minha vitelinha é cheia de graça, beleza e personalidade. Não é porque é minha filha não (frase clássica maternal), mas a danada tem cada expressão, cada jeito no olhar... Como diz o papai "estou ligadinho em você, boneca". E essas expressões da Clara me deixavam sempre em dúvida sobre uma decisão que para algumas mães ocidentais não há dúvida: meninas devem usar brincos. E ponto.

Eu sou menina, e uso brinco. Mas a meninona aqui usa brinco porque isso foi uma das primeiras decisões graves e corajosas que teve que tomar na vida (será que isso me fez a mulher que sou hoje? Huuum...). Toda vez que pensava nisso me vinha na cabeça meu rosto pueril de 7 anos diante do espelho da farmácia que ficava na frente do prédio que morávamos na rua Moreira César: meu rostinho plácido todo cheio de manchinhas vermelhas de tanto chorar, meu cabelinho sertanejo anti-piolhos, uma linha preta de suor e poeira no meu pescoço e minha orelha inchada... e o choro, desesperado não por conta do que já tinha sido, mas do que ainda faltava: a outra orelha. Ó céus! Que mundo é esse, ou melhor, que tribo é essa que vivemos que obriga nós moçoilas a tais decisões? Sim, porque furar corpos é muito tribal, né não? Uga buga! Por que eu que andava feliz e satisfeita com minha pele seca de moleca, meus machucadinhos de joelho que ganhava nas partidas com meu irmão (era goleira) e meus dentes quebrados em oportunidades diversas, tinha que, de uma hora pra outra, passar por aquele ritual de tortura pra debutar no universo feminino? A resposta eu não sei gente, até porque não tenho a vaga lembrança de como fui parar naquela farmácia naquele bendito dia. Só sei que foi assim.

Daí que 23 anos se passaram e cá estou eu com minha Pituca vivendo o dilema: furo ou não furo? Minha ideologia de mulher segura, independente e feliz (rá!) sempre soprou no meu ouvido "ah, isso é algo que ela deve decidir, e se ela não gostar de brincos? não é certo essa imposição poxa...". Mas a mamãe aqui não podia dar uma voltinha com meu pedacinho de quelque chose que sempre ouvia por aí "c'est une fille ou un garçon, Madame?", ou da trupe de brasucas "ah, cadê o brinco? ela é menina pô!".

Essa pressão social é chata, tensa e unânime (portanto burra). Sabe aquelas frases do tipo "mãe é mãe"? Pois então, super discordo. Mãe é mãe nada. Tem mãe de todo tipo, pra todo gosto e de todo preço. Essas frases só servem pra esvaziar o debate (que debate, cara pálida?), dissolver o conteúdo. Vocês me acham polemiqueira? Heim, heim?

Tá. Clara é muito querida e ganhou brincos de presente. Um da titia e outro da sogra da outra titia. Umas fofas né? Eu aqui achando que iria ter uma filha revolucionária, cheia de atitude e sem brincos, me derreto toda quando olho aquele parzinho miúdo de bolinhas douradas... que doçura! Passei dias olhando a orelhinha dela enquanto dava de mamar, pensando se eu deveria fazê-la passar pelo sofrimento desse debute feminino, ou pior ainda, se durante a furação eu deveria dizer pra ela com a cara mais cínica e adorável outra frase senso comum: "pra ficar bonita tem que sofrer, filha"...

Rodei, questionei, sofri, pelejei e cedi! A minha experiência com brincos foi trash. E eu não esqueci. Muda tudo ser uma mulher que tem que tomar essa decisão com relação às próprias orelhas e ser uma mulher já "brincada" desde bebê. A Clara já é uma mulher "brincada". Brincadeira ou não, só não tive dúvidas de que esse momento deveria ser registrado. Já que a memória de recém chegada dela se limita a saber pra que servem os meus peitos e o quão gostoso é o colinho do papai. Dificilmente ela vai ter o gostinho de poder falar do quão doloroso é o debute feminino...

(reparem na reação dela)



Filha, mamãe tá feliz em saber que seu debute foi indolor!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O que te aconteceu, menina ?!

Depois de meses de congelamento blogático botei os dedinhos pra funcionar e vim aqui dizer aos meus leitores inexistentes e imaginários que nesse meio tempo:

- o Rio de Janeiro já deslizou sob meus pés;
- A água salgada e gelada de Búzios já banhou meu corpinho;
- A feijoada já passou pela minha barriga;
- O brigadeiro, a água de côco e os docinhos de festa brasucas também;
- O bebê que tá na minha barriga mostrou na ultra que é uma menina e que a florzinha se chama Clara;
- Os quilogramas já se instalaram no meu sistema em número inesperado e agora aguardam a amamentação para partir;
- Uma sessão de outono na faculdade já começou e já terminou;
- Algumas sessões de desmaio também ocorreram no metrô calorento anti-grávidas de Montreal;
- Tive a honra de ser transportada pela famosa ambulância do emergência 911;
- O calorzão passou e a neve já tá caindo (iupe!);
- Já é Natal na Leader Magazine;
- Fui assistir o Cirque du Soleil e quase minha bolsa estourou com o susto que levei quando a acrobata deslizou o passo bem na hora do salto mortal de costas e pro alto... ave!
- O Ano Novo taí e de novo me surpreendo com a abstração chamada Tempo;
- A bolsa ainda não estourou!!!

E, então... sigamos!!!


domingo, 18 de julho de 2010

Efeito Rivotril

Só grávida e morando longe pra saber o valor de uma paçoca.
Acabo de comer as últimas 3 paçocas do pote trazido pela amiga que já partiu. Foi um momento solene, 1h e 30 min depois do almoço, faltando 30 min pra dar de novo a fome negra da grávida que come de 2h em 2h, mandei 3 paçoquitas e senti aquele efeitinho Rivotril, sabe? Hummm... oh...

A última vez que eu senti esse efeito foi dia 15 de setembro de 2009, na viagem Rio-Montréal. A viagem era longa, dia de imigração, e pedi pra mami um rivotrilzinho pra ver se eu dormia no voo. Ela disse "que nada, leva essa caixa aqui ó.". Eu trouxe a caixa, mas até hoje só um foi tomado. O suficiente pra eu achar o voo da Air Canada deslumbrante, adorei aquelas luzez que mudavam de cor, amarelo, azul, vermelho, verde, laranja... cada hora a luz do avião era diferente... sensacional o engenheiro de voo que desenvolveu essa idéia. Só achei estranho porque marido disse que a luz era uma só: branca. Enfim.

Mas voltando pro efeito Rivotril, ficar grávida e longe das guloseimas da terra é uma tortura. Todo dia tenho um desejo que não é e nem pode ser realizado. Alguém pode dimensionar o que é querer uma esfirra de queijo do árabe do Largo do Machado e não poder ir lá buscar? Ou um pão com manteiga clássico das padarias de Niterói que dão a torto e à direita em cada esquina daquela cidade e ter que se contentar com um pão de forma? Ou pior, sonhar com o biscoito Globo de Ipanema e lembrar que o globo terrestre é muito grande e que a praia fica a alguns mil kilometros daqui?

Sim, não é fácil. Se aquela estória de que quando a grávida não realiza seu desejo o filho nasce com cara de desejo não realizado, o pimpolho vai ser uma mescla de cara de farinha láctea, biscoito globo, esfirra e tapioca. Hum... vou morder ele! nhac, nhac!

Agora tô aqui contando os dias pra minha viagem ao Brasil que vai ser sem dúvida uma das melhores viagens culinárias da minha vida! Tô fazendo a agenda de acordo com as prioridades estomacais...

E nada de tarja preta ou censura, bora comer!!! Iupi!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Chuva, suor e brotueja

Quando a gente fala "tô de mudança pro Canadá" é normalíssimo ouvir "vai fazer o quê lá menina? é frio o ano todo, menos 40!"... aí lá no seu íntimo de pessoa que tá querendo uma experiência nova, aprender línguas, estudar fora, enfim, ver qual é pra lá do acolá, você se diz: "ah, tudo bem, se os canadenses conseguem eu também consego!" (licença poética).



Aí eu chego, é setembro, fim de verão. A gente anda de camiseta pra lá e pra cá, sua à beça (mesmo) indo atrás das coisas pra montar a nova casa, no máximo uma jaquetinha e já tá ótimo quando bate aquela brisa da noite. Fim de setembro, início de outubro bate a brisa fria, é outono. Pra recém chegado do Rio dói mesmo na alma. Aí os que estão aqui há mais tempo começam com as ameaças "ih, você não viu nada...", ou "frio? que frio?", e você lá com aquela carinha de tacho toda trêmula.

E o tal frio de verdade, esse sim, chega mesmo, e o pico do frio nesse inverno de 2009/10 foi de -19 graus (viu, gente? não é nada -40!). Esse dói mesmo.

Ok, eu acredito no inverno. Especialmente o inverno do Canadá, que assusta muita gente que nunca nem sentiu na pele. Mas acreditar no verão do Canadá? Rôrôrôrô!...


Pois é, eu também não acreditava. E mesmo com a sensação térmica de 44 graus que tivemos ontem, ainda tem gente que não acredita e pergunta "e aí, tá frio aí?". Não cara pálida. É verão, V-E-R-Ã-O, l'été, summer... E não tem essa de não acreditar que o calor daqui é quente, porque calor é calor em qualquer lugar do mundo, basta estar quente.

Agora vem o plus: e se você estivesse nesse calorzão de fritar ovo na areia e seu coraçãozinho ao invés de bater a 70 por minuto, que é o normal do ser humano em repouso, ficasse batendo constantemente a 100, como se você estivesse numa caminhada no calçadão de Ipanema? O calor aumenta né? Pois é, é assim com as grávidas, que por terem 50% a mais de sangue circulando na fábrica por conta da demanda do produto, estão sempre aceleradas (por dentro, porque por fora é uma moleza só.) e portanto sentindo mais calor. Ó céus! Essa sou eu! Ou melhor, esse ovo frito na areia sou eu!


(e esses aí de roupa devem ser os gringos!)


Bom, ao menos a idéia do meu filhote nascer no inverno já tem me agradado bem mais... neve, Natal, jingle bells, soam os sinos para o pequenino... hum... que bela paisagem! Assim o pimpolho não vai sair da minha barriga quentinha pra cair direto num lugar quentão que é o verão montrealense!
A meta agora é que o baby esteja livre das brotoejas no próximo verão! Fora brotuejas! E viva o ar condicionado! (que eu nem tenho, haha!)



p.s.: Ah! O "chuva" do título é pra ver se atrai mesmo...

sábado, 26 de junho de 2010

URGENTE!!!

Gente, é Urgente!

Alguém que mora aqui em Montréal sabe me dizer onde encontro Farinha Lactea Nestle?

É que tô com um desejo grávido vital... quem tiver a dica, agradeço!

(Ai, que vontade!... aquela papinha de farinha lactea, hummmm...)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Coisa de mulherzinha

Meninas amigas de Montréal, criei meu site bazar, o La Mini Jupe.

Clique em "Lojinha" para ver os produtos.

Quem se interessar por algo é só escrever para laminijupe@gmail.com

bjs!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

No clima da copa!

Propaganda perfeita! AMEI!
Já esquentando pra Copa!
Quem tá no Brasil já deve ter visto, mas para os compatriotas canadenses, aí vai:



Hahahah! A hora do sambinha é ótima!

sábado, 10 de abril de 2010

Desejo, necessidade, vontade.

Aqui em Montréal pra comer cultura a gente tem a bela opção que é o Accès Montréal Card. Pra fazer o cartãozinho você paga a módica quantia de 6$ e durante um ano você pode ter descontos e ingressos gratuitos na maior parte dos equipamentos culturais da cidade.

Eu mesma vivo dando um bordejo aqui na casa de cultura da esquina. Frequentamos teatro, show de jazz, rock, exposições... tudo, mas tudinho mesmo de graça! E de qualidade, claro.

O Accès Montréal é o que um amigo querido daqui costuma chamar de "vale-night".

Lá no Brasi, nossa terrinha de origem, a Comissão de Educação e Cultura está terminando de aprovar o Vale-Cultura.

O Vale-Cultura de 50 reais será dado mensalmente à todo trabalhador com carteira assinada e que ganhe até 5 salários mínimos por mês. O vale, claro, só poderá ser usado em atividades culturais (teatro, cinema, shows, etc) e será um incentivo pra tantos que nunca entraram numa sala de cinema, num museu ou assistiram uma apresentação de dança.

Prestenção: o post não é político, ok?! Mas não pude deixar de ressaltar, admirar e compartilhar aqui com vocês a iniciativa.

Sobretudo porque sei na pele o que a arte pode fazer por nós.

Se aqui no Canadá a gente fica que nem bobo achando tudo maravilhoso, perfeito, organizado (apesar da corrupção que também rola solta), ou seja, exercendo profundamente nosso olhar colonizado, por que não admitirmos que projetos como esse no Brasil fazem toda diferença também?

Iniciativas desse tipo são bem vindas em qualquer lugar, aqui e acolá.



E porque a gente não é bobo nem nada :

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pra quem tem cabelo Kurosawa

É claro que não podia dar noutra e disso todo mundo sabe: a população de imigrantes chineses é imensa aqui no Canadian. E como retirantes profissionais que são, os chineses sabem fazer sua rede, seu bairro, seu um e noventa e nove ou sua pastelaria onde quer que estejam. E Montréal, cosmopolita que é, também tem seu bairro chinês com lojinhas, restaurantes, chineses, turistas e cabeleireiros.

Meu marido tem o que ele chama de problema (na minha época era salvação): ele tem o cabelo bão, liso, fininho, sedoso, brilhooooso, coisa fina mesmo.
E por conta desse "problema" o bichinho vive se danando na mão de cabeleireiros acostumados com coisas mais intensas, miscelânicas, tipo raiz forte. Então pra deixar o cabelo dele com cara de cuia ou playmobil é um pulo.

Aí, cansado de permanentes, raspagens e afins, o marido teve a idéia brilhante de cortar o cabelo no bairro chinês por recomendação do amigo Yoshida, habitué do local.

Pegamos o feriado de segunda e mandamos brasa na China. Compramos temperinhos e coisinhas orientais que sempre quisemos comprar mas não tínhamos o apelo visual shoppístico pra nos incentivar. Lá é quase impossível sair sem um gergelinzinho ou um missô pra compor a onda soja de equilíbrio oriental.

Finalmente, entramos no cabeleireiro e só tinha cliente japa ou china. Batone ficou feliz da vida, na TV novela chinesa e na revista muita fofoca também em chinês.

O problema era que o cara só falava inglês e nosso chinês tava meio enferrujado. Pra explicar o corte era só na base dos grunidos: Nhô...Inhri...Nhac... Enfim, ele acalmou o Batone e disse "shaonshin yêi", apontando pra cadeira. Nos olhamos, respiramos fundos e entregamos a nuca nas mãos de Sai Baba.


Passados alguns minutos o cara veio com o espelhinho e o marido deu aquela respirada e liberou o sorriso: ahhh, ficou ótimo!


O corte muderno custou apenas 9 $, e a sensação de estar na China não tem preço.
Então, pra quem tem esse cabelo coisa fina, pode ir lá sem medo que os caras vão saber o que fazer, mesmo que você não saiba o que dizer. Yay!

Ah, e no fim o cara ainda passou essa pastinha aí, pra ajudar o cabelo liso a ficar duro (tadinhos, né?).



A pastinha era cara, custava 17 $, então a gente comprou uma da Loreal, similar, na farmácia mesmo, por 6,99 $.

Hoje de manhã o marido saiu super contente com o cabelo duro dele!

terça-feira, 23 de março de 2010

Ménage com ou sem filhos

Quem foi atraído pelo título do post pode ir se acalmando porque o papo aqui é pra gente direita, famílias sérias, muito sérias. A novidade é que a prefeitura de Montréal anunciou ontem que, até o fim de 2010, vai desenvolver uma série de medidas para combater o êxodo da população.

Pra quem não sabe, Montréal acaba sendo o ponto de chegada e o de partida de boa parte dos imigrantes, que optam primeiro por se instalar em uma grande cidade e depois acabam se remanejando pra cidades vizinhas ou até outras províncias do país. Isso por fatores diversos, o principal deles, claro, emprego.

Pra não perder essa fatia, alguns benefícios estão sendo desenvolvidos por aqui, que vão desde vantagens e descontos pra famílias que optam por transporte público até compra da casa própria.

Pra facilitar a compra do primeira casa, uma das medidas é que casais com filhos (ménage avec enfant, viu!?) vão ter o reembolso de 100% da taxa de Bienvenue, que você é obrigado a pagar quando adquire um imóvel por aqui. Casais sem filhos (ménage sans enfant, ah bom!) terão direito ao reembolso de 40% do Bienvenue.


Outro incetivo é que o programa de acesso à propriedade vai ganhar um gás, ou seja, a soma de 10 000$ que era oferecida na compra da primeira casa será aumentada para 12 500$, pra quem vai comprar uma casa de 3 quartos ou mais.


Programas desse tipo são sempre bem-vindos, mas cuidado para não se empolgar. Vários fatores determinam nossa permanência num lugar: casa, entorno, trabalho, transporte, amigos, vida cultural, parques, etc. O negócio é ter calma e pesquisar bastante, compre se puder pagar, pra não virar aquele quiprocó que foi a crise do mercado imobiliário americano.

Boa sorte!

Mais informações aqui.

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Fonte: jornal 24h

quarta-feira, 17 de março de 2010

Estudar ou Trabalhar?

Recebi cartas de alguns dos nossos queridos telespectadores com dúvidas sobre cursos, universidades e escolhas a fazer com relação ao estudo aqui no Québec. As dúvidas vão desde cursos do Cégep, técnico e profissional, até o 3º ciclo, ou seja, doutorado.

Vamos começar, meu amigo, minha amiga retirante, com a seguinte premissa: você precisa saber onde quer chegar. Como dizia o poeta: "comece com o objetivo em mente" (ok, não é poeta, é um autor de livro de auto-ajuda que uma amiga vive citando e, de tanto citar, virou poesia).

As experiências e desdobramentos por aqui são os mais diversos. Vai do empenho, do conhecimento da língua, de estar no lugar certo na hora certa. Até aí nada de muita novidade.

Minha equipe de produção foi às ruas e perguntou ao povo "qual foi o caminho percorrido até chegar no trabalho desejado?" (sim, porque tem a opção do trabalho não desejado, que serve pra pagar as contas, treinar seu francês, fazer amigos, ou até mesmo inimigos. Tudo muito proveitoso se você consegue ver o lado positivo das coisas. E outra coisa né gente: o trabalho dignifica o homem!).

E atenção, o nosso vox populi indica que muitos passaram a ter mais respostas ao envio de currículos depois que fizeram um curso aqui. ÓÓÓÓ!!! Clap, clap, clap!



Mesmo quem tinha experiência, boa formação e classe sentiu uma leve mudança quando incluiu no currículo um cursinho québecois.

Isso não é regra, claro, mas pode ser um bom começo pra sua vida no lado norte e uma boa forma de integração na língua, nos termos técnicos de sua profissão e até mesmo com os québécois.

E sem contar que, muitas vezes, do curso você já pode engatar direto no trabalho... Tenho um amigo querido que foi um aluno tão dedicado e empenhado que acabou sendo indicado pelo próprio professor do curso para a empresa que ele tanto queria, é menina! (Não estou fofocando, Ok? Só comentando com você.).

Há também a opção de estudar e trabalhar, principalmente pra quem está estudando em tempo parcial e quer levantar mais uma graninha e/ou experiência. Fato é que estudar não faz mal à ninguém e se você optou por esse caminho mergulhe fundo nele, quer dizer, estude. O resultado vai vir naturalmente. Quem viver verá!

Ok, mas vocês vão me dizer, e com razão, que uma coisa que embola o meio de campo pra quem está no processo de mudança e pesquisa é que quando se está no Brasil há tanta coisa pra resolver, cartas e formulários pra enviar, trabalhos pra terminar, que a gente passa longe dessa pesquisa de cursos daqui.

Bom, se algum telespectador se encontra na mesma situação que ficou a amiga aqui, vai aparecer aí no canto inferior do seu vídeo os sites com as informações básicas que vão te ajudar a iniciar a sua pesquisa. (Solta aí Cezinha).

Então, boa escolha e até o próximo programa!
Tchau!

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Cursos de Cégeps (formação profissional ou técnica): http://inforoutefpt.org/

Atenção aos tipos de cursos! O AEC é mais curto e serve como um complemento de alguma ferramenta que está faltando pra você, por exemplo, você é designer e falta um software essencial pra que você possa se colocar no mercado, aí você faz o AEC.
O DEC é mais longo, quase um equivalente de uma graduação e em geral é escolhido pelos que estão mudando de área profissional, mas não é regra, pois você pode fazer um DEC da mesma área de formação no Brasil. Já viu, né? Regras por aqui não existem, mas sim objetivos!)

Universidades em francês: UdeM, UQaM

Universidades em inglês: McGill, Concordia

Prêt et Bourse do governo (com ele você paga a faculdade e recebe uma bolsa de estudos enquanto estiver estudando. Depois de formado você só precisa reembolsar o empréstimo, ou seja, o prêt).

sábado, 6 de março de 2010

Bairros - Sugestão

Há 6 meses estamos em Montréal e tenho certeza que ainda vamos ter muitas surpresas em relação à cidade. Lembro que quando estávamos para nos mudar não tínhamos a menor referência de bairros pra morar. Confiamos no bom gosto de nossos amigos Vanessa e Muryllo e começamos à pesquisar ainda no Brasil apartamentos pelos arredores do bairro de Ahuntsic (mais precisamente pelos arredores do metrô Henri-Bourrassa que a gente não é bobo nem nada). Enfim, saiu tudo como planejamos e cá estamos ora pois pois.

Não sei qual é o bairro melhor ou pior da cidade, mais barato ou mais caro, só sei que aqui tá bão demais! Ahuntsic tem tudo que a gente precisa: meia quadra pro lado tem o metrô, duas pra frente tem biblioteca, a casa de cultura (com quintas de jazz!), parque, restaurante, SAQ... mais duas adiante e tem também o banco, a farmácia, cafés, lojinhas, floristas, igreja (falo do bazar minha gente, que é ótimo, mas quem quiser pra rezar ela também é ótima). Algumas quadras no sentido contrário tem amiguinhos da rua (Van e Mu, Paula e Boto, Mimi e Germain), supermercado e mais farmácia. Três quadras depois do metrô tem até um... rio! Que serve muito bem pra nos lembrar que estamos numa grande ilha. Enfim, tudo à 15 minutos do centro da cidade de metrô.

Bem, mas até aí nada além do mínimo que um bairro deve oferecer pra ser reconhecido como tal: serviços. Agora vem o tchan da coisa: o charme do bairro não está em ter esse comércio disponível, mas justamente no fato de ser um comércio tão peculiar, tão próprio, tão fofinho. As lojas conhecidas, os grandes magazines, estes não estão por aqui não. O que tem são lojinhas familiares, uma coisa meio Visconde de Mauá, meio cidade do interior, meio cenário de novela, sabe?

Resumindo, Ahuntsic, com esse nome esquisito e onomatopéico mesmo, é um condomínio de 23 km quadrados onde 125 mil moradores vivem como numa casinha de sapê. Quem tá em dúvida do que será que será pode começar a vida por aqui que não vai se arrepender. O clima de cidade do interior reina e a vida parece pura e nos eixos. Ahuntisic é meu Canadá, meu Canadazinho.

Numa manhã de sábado, Ahuntsic amanheceu assim:









Vou lançar uma campanha: "Fale do seu Bairro", estilo João Buracão. Pode falar bem ou mal, desde que fale a verdade! Ajuda muito quem está pra vir e não faz idéia de onde se instalar. E serve pra quem já tá aqui ficar mais por dentro de Montréal também!. Então, meu amigo, minha amiga, fale do seu bairro!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um "causo"


Quinta feira de uma tarde de março em Montréal, 14:30. Mesa da cozinha, com minhas ancas doídas de tanto estudar. Eu aqui, muito compenetrada na minha semaine de relâche, e a campainha assustadora aqui de casa toca (quem já nos visitou conhece a "monstra").

Antes de pensar que pode ser alguém sempre penso que pode ser um assassino ávido por uma pobre moça, um louco sequelado-drogado-pedinte, uma criança infame, uma velha arteira, uma descompensação da campainha que, juro, nunca vi mais histérica. Nunca jamais o marido que esqueceu a chave em casa ou a visita surpresa de um amigo gracioso.
O coração dispara. Respira, pensa, você está no Canada, nada pode pertubar a sua paz assim impunemente.

Então estico o corpo e corajosa após o segundo grito da monstra levanto e sigo em direção à varanda para ver quem é, já que ainda não acostumei com a idéia de que aqui você pode abrir a porta sem antes dar aquela olhadinha (que aliás me foi muito últil quando algumas adolescentes louras missionárias resolveram passar aqui três tardes seguidas).

Vejo um senhor distinto entrando no caminhão blindado da empresa de entrega. Em 3 segundos me dei conta que era simplesmente o meu necessário Tera que comprei pela internet. Gritei "uôu, ei, mésier, úlálá, psit..." e nada. Ele entrou de volta com um negocinho na mão e, chocada com a pressa do mêsier que não esperou nem 30 segundos pra eu chegar na porta, liguei pra empresa toda esbaforida:

eu: Oi Moço, há alguns minutos a campainha da minha casa tocou e não tive tempo nem de olhar quem era, quando vi já era, o entregador pulou de volta no caminhão com minha encomenda...

moço: Hum... me passa o número da compra.

eu: 1099ZWX

moço: Aqui no cadastro diz que eles deixaram na sua porta.

eu: Ah, moço, impossível! Ele não entrou aqui no prédio.

moço: É o que está escrito no sistema.

eu: Haha, só se ele deixou na rua... [deboche]

moço: A madame tem certeza que ele não deixou na sua porta?

eu: Claro, Moço, absoluta. Só se ele fosse doido de deixar na rua... Afinal é um eletrônico... Bom, mas espera um pouco que vou olhar.

.
.
.

eu (envergonhada): Ih, hihihi, você tinha razão, tava na porta da rua. Desolée.

moço: De nada, querida, bom dia.


Ok, situação corriqueira, banal mesmo, digna de nem virar um "causo".
Mas como eles são loucos de deixar a caixa com a encomenda da clienta na rua?
E não é que a patota aqui não mexe mesmo?

Adorei!

terça-feira, 2 de março de 2010

Brie Soleil no meu inverno

Sexta-feira passada fui com Amélie e Hector na Maison de l'architecture du Québec. Havia um tempo que eu queria ir lá dar uma sondada. Gosto de arquitetar esses passeios arquitetônicos, lembro do quanto aprendi nos papos com Toty e Batone. Nina, Le Corbusier, Niemeyer... e tantos outros que minha memória mal arquitetada sempre assopra por aí.
Quando minha cunhada Ana Rita quis fazer uma casa construída por ela mesma, Batone não pensou duas vezes e fez uma super propaganda do Toty, nosso amigo arquiteto, que ela conhece melhor que eu, e depois de um tempo tava lá o projeto: moderno, arrojado, prático, simples, grandioso, sacado, clean, inspirado e... caro!
Mas só de ter aqueles croquis nas mãos já dava pra gente uma sensação maravilhosa de "nooooossa, que casa!", era como morar numa galeria de arte! Mas por enquanto nosso croquis tá mais pra croquete meRmo...
(A casa da Ana acabou sendo comprada pronta mas as idéias do Toty ninguém compra por aí não.)
A Maison de l'architecture du Québec é um lugar pequeno, gracioso e simples, "que não tem banheiro"(observação "sagacitosa" do Hector), e abriga exposições e pequenos espetáculos. O que rolou nesses últimos tempos foi uma homenagem ao nosso arquiteto Oscar Niemeyer.
O arquiteto brasileiro Eduardo Aquino, professor na Universidade de Manitoba, e que já trabalhou com Niemeyer, desenvolveu (com sua esposa também canadense e arquiteta) o projeto "Sejour au Copan". Pra realizar sua pesquisa se mudaram para o Copan e lá ficaram 1 ano. Resultado: ensaios fotográficos que propõem uma nova forma de representação do edifício Copan, quer dizer, do ponto de vista de quem mora no Copan, de dentro pra fora.
Parte das fotos estão lá, na Maison. Dentro dessa série Niemeyer, houve também a leitura dos escritos de Niemeyer pelo ator Rémy Girard (Invasões Bárbaras). E foi isso que me levou pra lá.
Foi uma noite graciosa, além de ouvir a "voz" de Niemeyer também houve projeções das suas principais obras (MAC saudade), "manhã de carnaval" e neve de Montréal.
Pra quê mais se a gente já tem isso tudo? Foi um brie soleil no meu inverno!

domingo, 10 de janeiro de 2010

A Grande Biblioteca


La Grande Bibliothèque
é um luxo. É a Biblioteca Nacional nossa, quer dizer, deles, quebequenses. Já estive lá uma vez pra visitar e dar uma "bisoiada" geral. Ontem voltei lá mas dessa vez pra valer, pra virar sócia e começar a atacar nos livros. Antes, claro, fui na minha querida biblioteca do bairro, Ahuntsic, e lá encontrei boa parte do que precisava.
As bibliotecas de bairro são da prefeitura e a Grande Biblioteca faz parte da instituição "Bibliotecas e Arquivos do Québec", ou seja, ela é provincial. As bibliotecas municipais são uma rede, o que nos permite devolver os livros ou filmes emprestados em qualquer uma das bibliotecas da cidade. E se algum material que você precisa está em outra biblioteca, você pode fazer o pedido e em 10 dias o livro tá do lado da sua casa. Aqui de A à Z a lista com todas as bibliotecas da cidade. Procure a sua!
Os livros pegos na Grande Biblio também podem ser entregues nas bibliotecas dos bairros, mas não o contrário. Para usar os serviços basta um comprovante de residência e um documento com foto. E é gratuito.
O acervo de ambos os serviços, municipal e provincial, é magnífico. Encontrei 9 dos 10 livros que precisava e a gente pode ficar 21 dias com os livros renováveis por 2 vezes. Se atrasar, a multinha é em dinheiro. Nada exorbitante.
Serviço recomendado pra estudantes ou interessados de qualquer área. Bom também para passar uma tarde quando se está no centro da cidade. Vi várias pessoas cochilando com livro na mão...
Na Grande Biblio tem de tudo: periódicos, livros, filmes e revistas do mundo todo. Encontrei até revista Veja da semana... Vale a pena! (opa! não a Veja, a Biblioteca, heim.)

Minha vizinha mais ilustre, Bibliothèque d'Ahuntsic.


A Grande da cidade, La Grande Bibliothèque:


Hall de entrada da Grande:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vídeos

Coloquei aí na lateral do blog um link do youtube com nossos vídeos daqui...

ou mais vídeos aqui: http://www.youtube.com/gabrieladeamartins

Ah, hoje nevou!

:o)

domingo, 4 de outubro de 2009

Os Mutantes



Ontem inauguramos nossa vida musical por aqui, e o motivo não podia ser melhor: Os Mutantes.
O evento da vez é o Pop Montréal, que pipoca em vários campos da arte e da cidade. O teatro era o Le National, de 1900, cheio de história e charme. O público era majoritariamente de jovens encasacados e a companhia inusitada e agradável era do Hector, sua mulher Amélie e da Érika.

Fato é que passamos a semana toda dizendo que queríamos ir no show, que perdemos o show do Rio por bobeira e que seria uma experiência incrível – e foi!
A semana passou e não sabíamos onde seria o show, onde comprar ingresso e coisa e tal – não que falte informação por aqui, mas sim porque já estamos com informação demais na cabeça e talvez, num recurso barato, ela esqueça de algumas coisas de propósito...

Fomos então encontrar a Vanessa e o Muryllo às 21h no metrô Jarry, como tínhamos combinado, para ir ao aniversário do Maurício, marido da Paula. Outro casal que conhecemos através deles - a rede aqui é muito rápida! Chegamos lá estava aquela cantoria, comidinhas deliciosas e gente nova pra conhecer. O Hector foi uma delas. Papo vai papo vem e ele não parava de olhar no relógio, tinha hora marcada pra sair por conta do show dos Mutantes. Não deu outra, nos embrenhamos e… voilà, Le National!

Estavávamos conversando e Hector falava sobre como tem coisas que você faz pelo Brasil só porque está longe dele. Ora vejam vocês, a gente não foi ao show do Circo Voador só porque era com a Zélia Duncan… a gente se seu ao luxo de não ir só porque estávamos ali, com aquilo ao alcance de nossas mãos. Aqui não podemos nos dar a esses luxos, o que é ótimo, pois nos proporcionou uma noite primorosa.

No filme Loki, Lucinha, mulher de Arnaldo, diz algo parecido com “eu me espanto com a repercussão que eles tem até hoje, não há divulgação e em qualquer lugar do mundo que eles vão, tem público…” e é verdade! Tinham vários jovenzinhos curtindo e vibrando com as músicas, casa cheia e Sérgio Dias falando em français com a platéia, a frase inaugural foi “Montréal, comment ça va?”

É isso, gente, o Arnaldo não estava. Aliás, acho que foi esse o recurso barato que nossa cabeça usou pra “esquecer” do show… No fundo, no fundo, nosso consciente dizia: “ah, se o Arnaldo estivesse lá, aí sim seria imperdível”. Fomos injustos (mas se o Arnaldo estivesse lá…) porque o Sérgio foi uma fofura. Fiquei arrependida da “implicância” que tinha com ele, quer dizer, não com ele, mas dele andando por aí sem o Arnaldo. O que faltava mesmo era ver o Sérgio ali, tocando e cantando a menos de um metro da gente.

Explico: Batone tem uma tattoo dos Mutantes no braço, só que como toda tatuagem a gente esquece dela, naturaliza aquele desenho parado ali no braço, vira algo como um nariz ou uma unha do dedinho mindinho, que você só lembra que existe se entope ou encrava. Mas quando estávamos indo pro show lembramos da tattoo, brincamos que aquilo devia valer no mínimo uma entrada vip.

Bom, pagamos com gosto a entrada e durante o show, quando o Batone estava simplesmente na frente do Sérgio, ele levantou a manga da camisa e mostrou pra ele a tattoo que se auto-iluminou. Sérgio estava no meio de um solo, viu a tattoo e balbuciou “noooooossa”, levantou a sombrancelha, deu um sorrido largo e balançou a cabeça como quem diz “que cara doido”.

Valeu a noite! Aquela tattoo ali prostada há quase 10 anos finalmente tinha encontrado o melhor motivo para ser exibida. Sorrimos satisfeitos e continuamos curtindo o show. Quando eles tocaram Ando meio desligado e a turminha brasileira do canto começou a cantar a banda fez um “oba, conterrâneos” e continuou a música com ainda mais gosto.

Sérgio falou o tempo todo em francês ou inglês, não arranhou no português horinha nenhuma. Ter mostrado a tattoo valeu mais que uma entrada vip, pois quando tocaram Sabotagem, na hora da guitarrinha ele olhava pro Batone e sorria feito tio mostrando pro sobrinho como se faz. Isso aconteceu mais umas duas vezes até que quando ele tocou Jardim Elétrico, se agachou na frente do Batone, que mais uma vez mostrou o escudo da alegria e Sérgio não se fez de rogado, encostou a ponta do braço da guitarra no braço do Batone e ficou ali, solando naquela corrente de energia Sérgio-Guitarra-Batone-Tatto-Mutantes, no estilo “Super Gêmeos, ativar!”.

Não precisava mais nada! Nem se lamentar por ter perdido o show do Circo… O show acabou, eles voltaram pro bis – Bat Macumba e Panis et Circenses – e o fim memorável: eis que Sérgio vem especialmente para cumprimentar o Batone, aperta forte sua mão e olhando fundo nos olhos dele passa-lhe a… tcham, tcham, tcham, tcham… palheta sagrada! Dá pra crer? A jovenzinha quebecoise do lado só conseguia dizer espantada: “nice, nice…”

Agora a palheta está aqui em casa, escrita de um lado "Os Mutantes" e do outro "Sérgio Dias".

E Arnaldo estava lá, a todo momento, na Balada do Louco e no fenótipo de Sérgio Dias…