sábado, 10 de abril de 2010

Desejo, necessidade, vontade.

Aqui em Montréal pra comer cultura a gente tem a bela opção que é o Accès Montréal Card. Pra fazer o cartãozinho você paga a módica quantia de 6$ e durante um ano você pode ter descontos e ingressos gratuitos na maior parte dos equipamentos culturais da cidade.

Eu mesma vivo dando um bordejo aqui na casa de cultura da esquina. Frequentamos teatro, show de jazz, rock, exposições... tudo, mas tudinho mesmo de graça! E de qualidade, claro.

O Accès Montréal é o que um amigo querido daqui costuma chamar de "vale-night".

Lá no Brasi, nossa terrinha de origem, a Comissão de Educação e Cultura está terminando de aprovar o Vale-Cultura.

O Vale-Cultura de 50 reais será dado mensalmente à todo trabalhador com carteira assinada e que ganhe até 5 salários mínimos por mês. O vale, claro, só poderá ser usado em atividades culturais (teatro, cinema, shows, etc) e será um incentivo pra tantos que nunca entraram numa sala de cinema, num museu ou assistiram uma apresentação de dança.

Prestenção: o post não é político, ok?! Mas não pude deixar de ressaltar, admirar e compartilhar aqui com vocês a iniciativa.

Sobretudo porque sei na pele o que a arte pode fazer por nós.

Se aqui no Canadá a gente fica que nem bobo achando tudo maravilhoso, perfeito, organizado (apesar da corrupção que também rola solta), ou seja, exercendo profundamente nosso olhar colonizado, por que não admitirmos que projetos como esse no Brasil fazem toda diferença também?

Iniciativas desse tipo são bem vindas em qualquer lugar, aqui e acolá.



E porque a gente não é bobo nem nada :

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pra quem tem cabelo Kurosawa

É claro que não podia dar noutra e disso todo mundo sabe: a população de imigrantes chineses é imensa aqui no Canadian. E como retirantes profissionais que são, os chineses sabem fazer sua rede, seu bairro, seu um e noventa e nove ou sua pastelaria onde quer que estejam. E Montréal, cosmopolita que é, também tem seu bairro chinês com lojinhas, restaurantes, chineses, turistas e cabeleireiros.

Meu marido tem o que ele chama de problema (na minha época era salvação): ele tem o cabelo bão, liso, fininho, sedoso, brilhooooso, coisa fina mesmo.
E por conta desse "problema" o bichinho vive se danando na mão de cabeleireiros acostumados com coisas mais intensas, miscelânicas, tipo raiz forte. Então pra deixar o cabelo dele com cara de cuia ou playmobil é um pulo.

Aí, cansado de permanentes, raspagens e afins, o marido teve a idéia brilhante de cortar o cabelo no bairro chinês por recomendação do amigo Yoshida, habitué do local.

Pegamos o feriado de segunda e mandamos brasa na China. Compramos temperinhos e coisinhas orientais que sempre quisemos comprar mas não tínhamos o apelo visual shoppístico pra nos incentivar. Lá é quase impossível sair sem um gergelinzinho ou um missô pra compor a onda soja de equilíbrio oriental.

Finalmente, entramos no cabeleireiro e só tinha cliente japa ou china. Batone ficou feliz da vida, na TV novela chinesa e na revista muita fofoca também em chinês.

O problema era que o cara só falava inglês e nosso chinês tava meio enferrujado. Pra explicar o corte era só na base dos grunidos: Nhô...Inhri...Nhac... Enfim, ele acalmou o Batone e disse "shaonshin yêi", apontando pra cadeira. Nos olhamos, respiramos fundos e entregamos a nuca nas mãos de Sai Baba.


Passados alguns minutos o cara veio com o espelhinho e o marido deu aquela respirada e liberou o sorriso: ahhh, ficou ótimo!


O corte muderno custou apenas 9 $, e a sensação de estar na China não tem preço.
Então, pra quem tem esse cabelo coisa fina, pode ir lá sem medo que os caras vão saber o que fazer, mesmo que você não saiba o que dizer. Yay!

Ah, e no fim o cara ainda passou essa pastinha aí, pra ajudar o cabelo liso a ficar duro (tadinhos, né?).



A pastinha era cara, custava 17 $, então a gente comprou uma da Loreal, similar, na farmácia mesmo, por 6,99 $.

Hoje de manhã o marido saiu super contente com o cabelo duro dele!