domingo, 18 de julho de 2010

Efeito Rivotril

Só grávida e morando longe pra saber o valor de uma paçoca.
Acabo de comer as últimas 3 paçocas do pote trazido pela amiga que já partiu. Foi um momento solene, 1h e 30 min depois do almoço, faltando 30 min pra dar de novo a fome negra da grávida que come de 2h em 2h, mandei 3 paçoquitas e senti aquele efeitinho Rivotril, sabe? Hummm... oh...

A última vez que eu senti esse efeito foi dia 15 de setembro de 2009, na viagem Rio-Montréal. A viagem era longa, dia de imigração, e pedi pra mami um rivotrilzinho pra ver se eu dormia no voo. Ela disse "que nada, leva essa caixa aqui ó.". Eu trouxe a caixa, mas até hoje só um foi tomado. O suficiente pra eu achar o voo da Air Canada deslumbrante, adorei aquelas luzez que mudavam de cor, amarelo, azul, vermelho, verde, laranja... cada hora a luz do avião era diferente... sensacional o engenheiro de voo que desenvolveu essa idéia. Só achei estranho porque marido disse que a luz era uma só: branca. Enfim.

Mas voltando pro efeito Rivotril, ficar grávida e longe das guloseimas da terra é uma tortura. Todo dia tenho um desejo que não é e nem pode ser realizado. Alguém pode dimensionar o que é querer uma esfirra de queijo do árabe do Largo do Machado e não poder ir lá buscar? Ou um pão com manteiga clássico das padarias de Niterói que dão a torto e à direita em cada esquina daquela cidade e ter que se contentar com um pão de forma? Ou pior, sonhar com o biscoito Globo de Ipanema e lembrar que o globo terrestre é muito grande e que a praia fica a alguns mil kilometros daqui?

Sim, não é fácil. Se aquela estória de que quando a grávida não realiza seu desejo o filho nasce com cara de desejo não realizado, o pimpolho vai ser uma mescla de cara de farinha láctea, biscoito globo, esfirra e tapioca. Hum... vou morder ele! nhac, nhac!

Agora tô aqui contando os dias pra minha viagem ao Brasil que vai ser sem dúvida uma das melhores viagens culinárias da minha vida! Tô fazendo a agenda de acordo com as prioridades estomacais...

E nada de tarja preta ou censura, bora comer!!! Iupi!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Chuva, suor e brotueja

Quando a gente fala "tô de mudança pro Canadá" é normalíssimo ouvir "vai fazer o quê lá menina? é frio o ano todo, menos 40!"... aí lá no seu íntimo de pessoa que tá querendo uma experiência nova, aprender línguas, estudar fora, enfim, ver qual é pra lá do acolá, você se diz: "ah, tudo bem, se os canadenses conseguem eu também consego!" (licença poética).



Aí eu chego, é setembro, fim de verão. A gente anda de camiseta pra lá e pra cá, sua à beça (mesmo) indo atrás das coisas pra montar a nova casa, no máximo uma jaquetinha e já tá ótimo quando bate aquela brisa da noite. Fim de setembro, início de outubro bate a brisa fria, é outono. Pra recém chegado do Rio dói mesmo na alma. Aí os que estão aqui há mais tempo começam com as ameaças "ih, você não viu nada...", ou "frio? que frio?", e você lá com aquela carinha de tacho toda trêmula.

E o tal frio de verdade, esse sim, chega mesmo, e o pico do frio nesse inverno de 2009/10 foi de -19 graus (viu, gente? não é nada -40!). Esse dói mesmo.

Ok, eu acredito no inverno. Especialmente o inverno do Canadá, que assusta muita gente que nunca nem sentiu na pele. Mas acreditar no verão do Canadá? Rôrôrôrô!...


Pois é, eu também não acreditava. E mesmo com a sensação térmica de 44 graus que tivemos ontem, ainda tem gente que não acredita e pergunta "e aí, tá frio aí?". Não cara pálida. É verão, V-E-R-Ã-O, l'été, summer... E não tem essa de não acreditar que o calor daqui é quente, porque calor é calor em qualquer lugar do mundo, basta estar quente.

Agora vem o plus: e se você estivesse nesse calorzão de fritar ovo na areia e seu coraçãozinho ao invés de bater a 70 por minuto, que é o normal do ser humano em repouso, ficasse batendo constantemente a 100, como se você estivesse numa caminhada no calçadão de Ipanema? O calor aumenta né? Pois é, é assim com as grávidas, que por terem 50% a mais de sangue circulando na fábrica por conta da demanda do produto, estão sempre aceleradas (por dentro, porque por fora é uma moleza só.) e portanto sentindo mais calor. Ó céus! Essa sou eu! Ou melhor, esse ovo frito na areia sou eu!


(e esses aí de roupa devem ser os gringos!)


Bom, ao menos a idéia do meu filhote nascer no inverno já tem me agradado bem mais... neve, Natal, jingle bells, soam os sinos para o pequenino... hum... que bela paisagem! Assim o pimpolho não vai sair da minha barriga quentinha pra cair direto num lugar quentão que é o verão montrealense!
A meta agora é que o baby esteja livre das brotoejas no próximo verão! Fora brotuejas! E viva o ar condicionado! (que eu nem tenho, haha!)



p.s.: Ah! O "chuva" do título é pra ver se atrai mesmo...