terça-feira, 29 de novembro de 2011

Domingo, n'O Globo

Saimos no jornal O Globo do último domingo, dia 27/11.
A conversa é sobre estudar fora e criar filhos ao mesmo tempo, ou seja, encarar uma grande empreitada com a família.
Quem quiser conferir, clica aqui!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ela tá feliz!

Primeira ída da Clara ao balanço!

sábado, 16 de abril de 2011

debutante aos 3 meses e meio

Sou mãe. Isso já faz exatamente 3 meses e 19 dias, uma eternidade. Minha vitelinha é cheia de graça, beleza e personalidade. Não é porque é minha filha não (frase clássica maternal), mas a danada tem cada expressão, cada jeito no olhar... Como diz o papai "estou ligadinho em você, boneca". E essas expressões da Clara me deixavam sempre em dúvida sobre uma decisão que para algumas mães ocidentais não há dúvida: meninas devem usar brincos. E ponto.

Eu sou menina, e uso brinco. Mas a meninona aqui usa brinco porque isso foi uma das primeiras decisões graves e corajosas que teve que tomar na vida (será que isso me fez a mulher que sou hoje? Huuum...). Toda vez que pensava nisso me vinha na cabeça meu rosto pueril de 7 anos diante do espelho da farmácia que ficava na frente do prédio que morávamos na rua Moreira César: meu rostinho plácido todo cheio de manchinhas vermelhas de tanto chorar, meu cabelinho sertanejo anti-piolhos, uma linha preta de suor e poeira no meu pescoço e minha orelha inchada... e o choro, desesperado não por conta do que já tinha sido, mas do que ainda faltava: a outra orelha. Ó céus! Que mundo é esse, ou melhor, que tribo é essa que vivemos que obriga nós moçoilas a tais decisões? Sim, porque furar corpos é muito tribal, né não? Uga buga! Por que eu que andava feliz e satisfeita com minha pele seca de moleca, meus machucadinhos de joelho que ganhava nas partidas com meu irmão (era goleira) e meus dentes quebrados em oportunidades diversas, tinha que, de uma hora pra outra, passar por aquele ritual de tortura pra debutar no universo feminino? A resposta eu não sei gente, até porque não tenho a vaga lembrança de como fui parar naquela farmácia naquele bendito dia. Só sei que foi assim.

Daí que 23 anos se passaram e cá estou eu com minha Pituca vivendo o dilema: furo ou não furo? Minha ideologia de mulher segura, independente e feliz (rá!) sempre soprou no meu ouvido "ah, isso é algo que ela deve decidir, e se ela não gostar de brincos? não é certo essa imposição poxa...". Mas a mamãe aqui não podia dar uma voltinha com meu pedacinho de quelque chose que sempre ouvia por aí "c'est une fille ou un garçon, Madame?", ou da trupe de brasucas "ah, cadê o brinco? ela é menina pô!".

Essa pressão social é chata, tensa e unânime (portanto burra). Sabe aquelas frases do tipo "mãe é mãe"? Pois então, super discordo. Mãe é mãe nada. Tem mãe de todo tipo, pra todo gosto e de todo preço. Essas frases só servem pra esvaziar o debate (que debate, cara pálida?), dissolver o conteúdo. Vocês me acham polemiqueira? Heim, heim?

Tá. Clara é muito querida e ganhou brincos de presente. Um da titia e outro da sogra da outra titia. Umas fofas né? Eu aqui achando que iria ter uma filha revolucionária, cheia de atitude e sem brincos, me derreto toda quando olho aquele parzinho miúdo de bolinhas douradas... que doçura! Passei dias olhando a orelhinha dela enquanto dava de mamar, pensando se eu deveria fazê-la passar pelo sofrimento desse debute feminino, ou pior ainda, se durante a furação eu deveria dizer pra ela com a cara mais cínica e adorável outra frase senso comum: "pra ficar bonita tem que sofrer, filha"...

Rodei, questionei, sofri, pelejei e cedi! A minha experiência com brincos foi trash. E eu não esqueci. Muda tudo ser uma mulher que tem que tomar essa decisão com relação às próprias orelhas e ser uma mulher já "brincada" desde bebê. A Clara já é uma mulher "brincada". Brincadeira ou não, só não tive dúvidas de que esse momento deveria ser registrado. Já que a memória de recém chegada dela se limita a saber pra que servem os meus peitos e o quão gostoso é o colinho do papai. Dificilmente ela vai ter o gostinho de poder falar do quão doloroso é o debute feminino...

(reparem na reação dela)



Filha, mamãe tá feliz em saber que seu debute foi indolor!