quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vídeos

Coloquei aí na lateral do blog um link do youtube com nossos vídeos daqui...

ou mais vídeos aqui: http://www.youtube.com/gabrieladeamartins

Ah, hoje nevou!

:o)

domingo, 4 de outubro de 2009

Os Mutantes



Ontem inauguramos nossa vida musical por aqui, e o motivo não podia ser melhor: Os Mutantes.
O evento da vez é o Pop Montréal, que pipoca em vários campos da arte e da cidade. O teatro era o Le National, de 1900, cheio de história e charme. O público era majoritariamente de jovens encasacados e a companhia inusitada e agradável era do Hector, sua mulher Amélie e da Érika.

Fato é que passamos a semana toda dizendo que queríamos ir no show, que perdemos o show do Rio por bobeira e que seria uma experiência incrível – e foi!
A semana passou e não sabíamos onde seria o show, onde comprar ingresso e coisa e tal – não que falte informação por aqui, mas sim porque já estamos com informação demais na cabeça e talvez, num recurso barato, ela esqueça de algumas coisas de propósito...

Fomos então encontrar a Vanessa e o Muryllo às 21h no metrô Jarry, como tínhamos combinado, para ir ao aniversário do Maurício, marido da Paula. Outro casal que conhecemos através deles - a rede aqui é muito rápida! Chegamos lá estava aquela cantoria, comidinhas deliciosas e gente nova pra conhecer. O Hector foi uma delas. Papo vai papo vem e ele não parava de olhar no relógio, tinha hora marcada pra sair por conta do show dos Mutantes. Não deu outra, nos embrenhamos e… voilà, Le National!

Estavávamos conversando e Hector falava sobre como tem coisas que você faz pelo Brasil só porque está longe dele. Ora vejam vocês, a gente não foi ao show do Circo Voador só porque era com a Zélia Duncan… a gente se seu ao luxo de não ir só porque estávamos ali, com aquilo ao alcance de nossas mãos. Aqui não podemos nos dar a esses luxos, o que é ótimo, pois nos proporcionou uma noite primorosa.

No filme Loki, Lucinha, mulher de Arnaldo, diz algo parecido com “eu me espanto com a repercussão que eles tem até hoje, não há divulgação e em qualquer lugar do mundo que eles vão, tem público…” e é verdade! Tinham vários jovenzinhos curtindo e vibrando com as músicas, casa cheia e Sérgio Dias falando em français com a platéia, a frase inaugural foi “Montréal, comment ça va?”

É isso, gente, o Arnaldo não estava. Aliás, acho que foi esse o recurso barato que nossa cabeça usou pra “esquecer” do show… No fundo, no fundo, nosso consciente dizia: “ah, se o Arnaldo estivesse lá, aí sim seria imperdível”. Fomos injustos (mas se o Arnaldo estivesse lá…) porque o Sérgio foi uma fofura. Fiquei arrependida da “implicância” que tinha com ele, quer dizer, não com ele, mas dele andando por aí sem o Arnaldo. O que faltava mesmo era ver o Sérgio ali, tocando e cantando a menos de um metro da gente.

Explico: Batone tem uma tattoo dos Mutantes no braço, só que como toda tatuagem a gente esquece dela, naturaliza aquele desenho parado ali no braço, vira algo como um nariz ou uma unha do dedinho mindinho, que você só lembra que existe se entope ou encrava. Mas quando estávamos indo pro show lembramos da tattoo, brincamos que aquilo devia valer no mínimo uma entrada vip.

Bom, pagamos com gosto a entrada e durante o show, quando o Batone estava simplesmente na frente do Sérgio, ele levantou a manga da camisa e mostrou pra ele a tattoo que se auto-iluminou. Sérgio estava no meio de um solo, viu a tattoo e balbuciou “noooooossa”, levantou a sombrancelha, deu um sorrido largo e balançou a cabeça como quem diz “que cara doido”.

Valeu a noite! Aquela tattoo ali prostada há quase 10 anos finalmente tinha encontrado o melhor motivo para ser exibida. Sorrimos satisfeitos e continuamos curtindo o show. Quando eles tocaram Ando meio desligado e a turminha brasileira do canto começou a cantar a banda fez um “oba, conterrâneos” e continuou a música com ainda mais gosto.

Sérgio falou o tempo todo em francês ou inglês, não arranhou no português horinha nenhuma. Ter mostrado a tattoo valeu mais que uma entrada vip, pois quando tocaram Sabotagem, na hora da guitarrinha ele olhava pro Batone e sorria feito tio mostrando pro sobrinho como se faz. Isso aconteceu mais umas duas vezes até que quando ele tocou Jardim Elétrico, se agachou na frente do Batone, que mais uma vez mostrou o escudo da alegria e Sérgio não se fez de rogado, encostou a ponta do braço da guitarra no braço do Batone e ficou ali, solando naquela corrente de energia Sérgio-Guitarra-Batone-Tatto-Mutantes, no estilo “Super Gêmeos, ativar!”.

Não precisava mais nada! Nem se lamentar por ter perdido o show do Circo… O show acabou, eles voltaram pro bis – Bat Macumba e Panis et Circenses – e o fim memorável: eis que Sérgio vem especialmente para cumprimentar o Batone, aperta forte sua mão e olhando fundo nos olhos dele passa-lhe a… tcham, tcham, tcham, tcham… palheta sagrada! Dá pra crer? A jovenzinha quebecoise do lado só conseguia dizer espantada: “nice, nice…”

Agora a palheta está aqui em casa, escrita de um lado "Os Mutantes" e do outro "Sérgio Dias".

E Arnaldo estava lá, a todo momento, na Balada do Louco e no fenótipo de Sérgio Dias…